Quando chegarmos lá.
Qual é o exercício que fazemos de nos olharmos imaginando quando formos bem velhinhos?
Provavelmente quase nenhum.
Provavelmente isso nem passe pela cabeça, até porque, nem se quer pensar sobre isso, pois falta muito tempo pela frente.
Na verdade, seremos amanhã o que construirmos hoje, e é na insistência de repetir o que fizermos bem hoje é que consolidaremos um futuro.
Essa nossa mania de querer sempre reinventar a roda para questões que praticamente não mudam, tornam o caminho tão mais longo e vazio que nos fazem chegar a um lugar simples e frágil sobre as nossas convicções e experiências. Ao passo que, bastaria nos dedicarmos a ouvir e olhar.
Nos colocarmos em um estado físico e emocional onde só o que importa é o que está a nossa frente, e nada mais.
Respirarmos profundamente para depois esvaziarmos os pulmões e a mente de pensamentos e obrigações.
Nos colocar numa condição capaz de ouvir, receber e devolver sentidos com a mesma intensidade e importância com o qual recebemos. E não deixar que as lembranças ruins interfiram naquilo que iremos dar em troca.
Ouvir é também saber olhar quem nos compartilha e contextualizar a sua fala com o seu passado, seu presente e o futuro que aquilo que está sendo dito possa trazer ou refletir, pois as palavras podem ser as mesmas, mas criam contextos diferentes quando banhadas de uma carga histórica e emocional. As palavras somente fazem sentido quando contextualizadas nas vidas das pessoas. "Eu te amo" nunca será igual, pois quando ele é dito e ouvido ele automaticamente trás consigo toda a bagagem histórica e emocional das pessoas envolvidas...para cada, ou em cada, pessoa soará e atuará de forma única.
A velhice é um quebra-cabeça da nossa vida que precisamos montar a partir dos exemplos que temos ou apenas das lembranças que ficaram.
Conseguir entender a trajetória das pessoas mais velhas, suas motivações, suas defesas, suas fraquezas, suas qualidades, seus erros, seus acertos, seus sentimentos, seus desejos, suas expectativas.......................é como acharmos peças para construirmos o nosso.
É uma riqueza tão grande para aquilo que todos nós deveríamos buscar conhecer, que é a nós mesmos.
Sem isso, seremos um eterno vira-latas correndo atrás do próprio rabo enquanto uma longa estrada nos aguarda pela frente. Precisamos qualificar a nossa capacidade de ver e ouvir.....urgentemente.
Não podemos ficar conectados o tempo todo na tomada.
Precisamos tornar as experiências de vida mais relevantes.
Maurício Aurvalle
Maurício Aurvalle . com
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Melhoram quando envelhecemos.
Como um filme bom que fica cada vez
melhor com os anos...
Como certas comidas que ficam melhores a
cada década que passa...
Como as músicas e artistas que amamos
que só melhoram com o tempo...
Como consagramos os ícones.
Não porque ficam ou os tornamos famosos,
mas porque se tornam incontestáveis.
...e tornar algo incontestável só o
tempo permite...só a experiência compartilhada por muitos e diferentes é que
chegamos a um senso comum...que de tão comum que o tempo o torna ele se torna
indiscutível.....
Para nós, em nossas experiências íntimas
e não compartilhadas, estes ícones, assim se tornam porque nos conduzem à
momentos que deixamos marcados em nosso filme da vida....
Como dançar Stairway To Heaven, do Led
Zeppelin, em uma reunião dançante quando éramos crianças. Quase como uma
primeira dança interminável e eternizada em seus pouco mais de 8 minutos da
versão de estúdio.
À isto....eu ponho o meu fone de ouvido,
aumento o som no máximo................e apago a luz.
Isto não é saudosismo...é alegria de ter vivido.
Maurício Aurvalle
Marina Abramovic
MARINA ABRAMOVIC
MARINA
ABRAMOVIC
(leia primeiro e veja o vídeo ao final)
A um tempo atrás, eu tive contato com
esta obra em uma de minhas pesquisas, mas a primeira vez não me emocionou
tanto. Achei bacana e um grande desafio de uma consagrada artista.
Poucos dias atrás, tive a oportunidade
de ir mais a fundo na carreira da artista e isto me permitiu entender como esta
sua obra pode proporcionar um momento que por si só passou a ser visto como uma
obra de arte e certamente ficará marcado na história como algo de extrema
beleza e significado.
A um mero olhar, nada mais é do que uma
artista realizando uma performance onde ela, Marina Abramovic, passa 7 horas
por dia sentada em uma cadeira, com uma pequena mesa a sua frente onde do outro
lado há uma cadeira vazia que recebe por exatos 1 minuto a presença de um
expectador que visita o museu. São milhares de pessoas que passam por ali,
entre desconhecidos e famosos e todos permitem que esta interação artística chegue
a apenas um determinado nível emocional e intelectual, mas nada tão forte.
Alguns até diriam “tá, ok, uma mulher num belo vestido vermelho te encarando...não
gostei”. Dependendo do meu humor, eu até concordaria.
Pense no que uma exposição destas causa
ao pensamento de uma pessoa quando ela passa 7 horas por dia sentada em uma
cadeira, sem poder falar, sem poder tocar, sem poder comer, sem poder beber,
sem poder ir ao banheiro e junto a tudo isso encarar milhares de pessoas com as
suas infinitas reações e interações. Um divã com correntes. São pessoas que
lembram o passado, que remetem a outras pessoas, que provocam ideias para o
futuro, que fazem rir ou até que provocam repulsa. E você não pode reagir.
Sua história de vida possui uma carga
dramática incrível, nascida no pós guerra em 46, Sérvia, dedicou a sua vida a
arte performática e teve na união com Ulay, também artista e também nascido no
mesmo dia, um de seus momentos mais intensos. Viajaram durante 12 anos entre as
décadas de 70 e 80 em uma van fazendo arte performática até o dia em que se
separaram como casal e dupla artística. Muito conflito sentimental deve ter
ocorrido, Ulay desejava filhos e Marina queria viver para a arte...e Marina,
mais tarde, afirmou que Ulay havia lhe traído...mas foi Ulay quem pediu a
separação. Ulay ficou com quase todas as suas obras e Marina só as recuperou
quando começou a compra-las de volta.
Para esta separação, criaram uma obra
onde ambos percorreriam 2.500km a pé na Muralha da China, só que cada um
partiria de uma extremidade. Quando encontraram-se, após 3 meses de caminhada,
abraçaram-se profundamente e se despediram para nunca mais se encontrar.
...até o dia desta obra, chamada de "The Artist is Present", quando Ulay
apareceu sem avisar ninguém. Este foi o único momento em que Marina demonstrou
emoção. Eles não falaram nada. E talvez por isso tenha sido tão forte porque
devem ter falado pelos olhos.
Eu acredito que momentos como este geram
uma energia tão grande que atinge a todos que o presenciam.
Para mim, este momento foi a obra de
arte.
Maurício.
Vejam o vídeo:
Beleza ou Conforto?
BELEZA ou CONFORTO
O que mais vale em um projeto arquitetônico, a
sua beleza ou a sua qualidade usual e conforto?
Até que ponto vale abrir mão de um em troca do
outro?
Estas são perguntas importantíssimas e que estão
sempre presentes em todos os processos de trabalho. Muitas vezes são
características que diferem um profissional do outro.
A minha visão sobre este assunto é que discutir
beleza sem antes compreender as necessidades, a "usabilidade" e o
conforto fica impossível tratá-la. Acredito que a beleza é fruto de uma
combinação entre preferências, história, personalidade, bom gosto e ousadia (ou
conservadorismo - porque não?).
Vivemos uma era onde a imagem é tudo, onde é mais
importante o que se mostra ao que se proporciona. Vivemos na era dos facebook´s
e instagram´s. Criamos personagens de nós mesmos de tempos em tempos sempre na
busca de se manter up to date. Estar na moda, andar na moda ou viver de moda é
uma forma extremamente mutante de se levar a vida, pois ela muda tão rápida
quanto conseguimos dar conta.
Projetos de fotografia, aqueles cuja principal
preocupação é a foto para a revista, ou projetos com design assinado, onde
abusa-se de ícones para se adquirir qualidade, são muito sedutores a nós
arquitetos e ao cliente, pois encanta os olhos, mas se isto for o elemento que
pauta o desenvolvimento do trabalho, certamente muitas questões ficarão falhas
quando ele for de fato vivenciado.
Entendo que tudo o que fazemos tem um porquê e
tem o seu jeito de ser feito. O modo como eu utilizo um sofa ou uma cozinha
pertence ao meu jeito de ser e não a uma convenção genérica ou então a forma
como o arquiteto acha que tem de ser. São questões tão particulares que se faz
necessário uma grande dedicação ao entendimento tanto psicológico quanto sobre
a forma de se relacionar com os elementos e o espaço. Tendo estas compreenções
claras e também o que se pretende transmitir (o famoso conceito), permite que
os resultados arquitetônicos atendam questões mais amplas que somente a estética.
Afinal, é disto que se trata a arquitetura. Fazemos arquitetura com nossos
conhecimentos do que nos cerca no dia-adia e daquilo que a história nos contou
ou vislumbra para o future.
A beleza não se sustenta sem conteúdo e é ela não
é unânime.
Maurício Aurvalle.
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Deixar o seu espaço com a sua cara? Algumas boas dicas.
Aos que gostariam de renovar a sua casa sem passar pelo
stress de uma reforma, ou mesmo para aqueles que moram de aluguel, sugiro três
dicas:
Dica1: Esqueça os problemas de construção que o seu
imóvel apresenta e aprenda a conviver
com eles, afinal se não há solução, solucionado está. E ao invés de focar suas
atenções aos problemas, passe a olhar para as qualidades na busca de qualifica-las.
Dica2: Se for para propor alguma intervenção para a parte
física dos ambientes, minha sugestão é que fique para novas cores ou pequenos
ajustes de elétrica para proporcionar reposicionamento de luminárias de teto, abajures
ou equipamentos.
Dica3: Principalmente paras aquelas pessoas que possuem um
orçamento baixo para investir, a ordem de consumo é para mobiliários soltos e
decoração em geral. É a maneira mais rápida e segura de se conseguir um grande
mudança. Investir em arte (quadros, esculturas, etc..)é uma forma de inserir
personalidade aos ambientes e podemos encontrar boa arte e ideias a qualquer
preço. Tapetes, almofadas e luminárias também são ótimos elementos para renovar
o lugar, no entanto prefira a qualidade do que a quantidade. A outra vantagem
na compra de elementos soltos é que eles seguem com você para qualquer lugar.
Em resumo, conseguimos transformar os ambientes imprimindo
personalidade e aconchego realizando boas escolhas em cores de parede,
luminárias, arte, almofadas e tapete. A outra forma que muda o seu jeito de
usar e sentir os espaços pode ser obtida por melhorias na organização do seu
layout. Será que seu sofá realmente está
na posição certa? Ou suas poltronas de fato possuem o conforto adequado para o
que se busca oferecer no ambiente?
Tenha um bom arquiteto com você e boas compras!!!!
Uma boa semana a todos!
Maurício.
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