UM OLHAR SOBRE A ARQUITETURA – 2



O “ser belo” na arquitetura.
O que é belo na arquitetura?
Como construir beleza por meio da arquitetura?

Bom, estas são perguntas que não se respondem pura e simplesmente com poucas palavras.

Estas duas respostas, quando traduzidas em algo concreto e construído, podem ser obtidas de diversas maneiras. Não há uma fórmula.

Talvez possa-se dizer que há uma fórmula, e esta é a cópia, mas esta eu não indico a ninguém.

Não que a cópia não faça parte do trabalho de todos, sim ela faz, mas prefiro tê-la no contexto de que “nada se cria, tudo se transforma”. Ou seja, reconhecemos o que é bom e aplicamos o nosso tempero.

Provavelmente cada profissional terá uma forma de como fazer para obter, mas, sem dúvida alguma, aqueles que conseguem imprimir este resultado constantemente em seu trabalho é porque conseguiram consolidar a sua maneira de trabalhar. E é a partir deste momento que podemos começar a conhecer o profissional por meio da sua obra. Bom, é aí que o trabalho começa a ficar prazeroso!!!!

Particularmente, meu processo mistura tudo aquilo que eu ouço, tudo que vejo, tudo que sinto, tudo que desejo e imagino. Isto só é possível pedindo licença ao cliente para lhe conhecer de forma mais franca (ou ao seu negócio), onde eu possa conhecer suas expectativas, suas manias, suas angústias, seus desejos, seus incômodos, sua história....em fim, gostar de ouvir.

De fato, eu adoro ouvir. Acho até que ouço muito mais do que falo. Quanto mais eu tiver para ouvir sobre um trabalho, maior será as possibilidades para a imaginação e maiores serão os dados que influenciam no projeto. Há, e eu amo observar e contemplar.

Projetos são cheios de detalhes e particularidades dos indivíduos.

Como um querido amigo sempre gosta de dizer; “a vida é feita dos detalhes”.
Eu acho isto a mais pura verdade, pois são deles que nos lembramos.

Uma pessoa sem detalhes, não possui história para contar.
Um espaço sem detalhes nada mais é do que um lugar liso e impessoal.

Certa vez, um professor meu de faculdade disse; “se não consegues traduzir a tua arquitetura em palavras é porque ela ainda não está clara o suficiente.”

Hoje, fico feliz em perceber que já possuo minha forma de fazer arquitetura.
Faço arquitetura para quem a contratou, pois quero que o resultado seja muito utilizado, que tenha vida longa e que as pessoas sintam que, de alguma forma, ela já existia.

Somo a isto as minhas preferencias e meus gostos (que não são poucos).
Busco uma arquitetura que permita ao cliente caminhar sozinho e agregar suas particularidades e novidades nos muitos anos seguintes. E isto só é possível por meio de um processo construtivo feito a muitas mãos. Quando isto acontece, o cliente passa a se conhecer melhor, a identificar suas preferências, o seu conforto preferido, a sua forma de interagir com o todo.

A arquitetura é um processo constante de questionamento pessoal e coletivo. E isto não é feito normalmente pelas pessoas. O que vale para um, não necessariamente vale para o outro.

Sabiamente se diz; “gosto é gosto e não se discute”.

Meu trabalho é o de organizar, ressaltar e qualificar este gosto particular que cada um possui.

O cliente quando entra em um processo de projeto, inevitavelmente, passa a se conhecer melhor.

Arquitetar é maravilhoso!!!!!

Maurício Aurvalle, arquiteto.

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