MARINA ABRAMOVIC
MARINA
ABRAMOVIC
(leia primeiro e veja o vídeo ao final)
A um tempo atrás, eu tive contato com
esta obra em uma de minhas pesquisas, mas a primeira vez não me emocionou
tanto. Achei bacana e um grande desafio de uma consagrada artista.
Poucos dias atrás, tive a oportunidade
de ir mais a fundo na carreira da artista e isto me permitiu entender como esta
sua obra pode proporcionar um momento que por si só passou a ser visto como uma
obra de arte e certamente ficará marcado na história como algo de extrema
beleza e significado.
A um mero olhar, nada mais é do que uma
artista realizando uma performance onde ela, Marina Abramovic, passa 7 horas
por dia sentada em uma cadeira, com uma pequena mesa a sua frente onde do outro
lado há uma cadeira vazia que recebe por exatos 1 minuto a presença de um
expectador que visita o museu. São milhares de pessoas que passam por ali,
entre desconhecidos e famosos e todos permitem que esta interação artística chegue
a apenas um determinado nível emocional e intelectual, mas nada tão forte.
Alguns até diriam “tá, ok, uma mulher num belo vestido vermelho te encarando...não
gostei”. Dependendo do meu humor, eu até concordaria.
Pense no que uma exposição destas causa
ao pensamento de uma pessoa quando ela passa 7 horas por dia sentada em uma
cadeira, sem poder falar, sem poder tocar, sem poder comer, sem poder beber,
sem poder ir ao banheiro e junto a tudo isso encarar milhares de pessoas com as
suas infinitas reações e interações. Um divã com correntes. São pessoas que
lembram o passado, que remetem a outras pessoas, que provocam ideias para o
futuro, que fazem rir ou até que provocam repulsa. E você não pode reagir.
Sua história de vida possui uma carga
dramática incrível, nascida no pós guerra em 46, Sérvia, dedicou a sua vida a
arte performática e teve na união com Ulay, também artista e também nascido no
mesmo dia, um de seus momentos mais intensos. Viajaram durante 12 anos entre as
décadas de 70 e 80 em uma van fazendo arte performática até o dia em que se
separaram como casal e dupla artística. Muito conflito sentimental deve ter
ocorrido, Ulay desejava filhos e Marina queria viver para a arte...e Marina,
mais tarde, afirmou que Ulay havia lhe traído...mas foi Ulay quem pediu a
separação. Ulay ficou com quase todas as suas obras e Marina só as recuperou
quando começou a compra-las de volta.
Para esta separação, criaram uma obra
onde ambos percorreriam 2.500km a pé na Muralha da China, só que cada um
partiria de uma extremidade. Quando encontraram-se, após 3 meses de caminhada,
abraçaram-se profundamente e se despediram para nunca mais se encontrar.
...até o dia desta obra, chamada de "The Artist is Present", quando Ulay
apareceu sem avisar ninguém. Este foi o único momento em que Marina demonstrou
emoção. Eles não falaram nada. E talvez por isso tenha sido tão forte porque
devem ter falado pelos olhos.
Eu acredito que momentos como este geram
uma energia tão grande que atinge a todos que o presenciam.
Para mim, este momento foi a obra de
arte.
Maurício.
Vejam o vídeo:
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