
“Como tudo é caro hoje em dia?!”
De fato são muitas as diferenças de preço sobre um mesmo produto que
podemos encontrar no mercado. Isso sem falar no comparativo entre as cidades. É
claro que existem muitos fatores que constroem estas diferenças de preços como
qualidade no atendimento, garantias, pós-venda, qualificação do ponto de venda
e por ai vai.
Mas também é sabido que o fator desejo e a cultura do consumo desenvolvida,
principalmente, ao longo desta última década e meia, enquanto clientes, tem nos
tornados os maiores vilões quando o assunto é tentar realizar algo com “baixo”
valor.
Hoje, nenhuma TV pode ser somente uma TV para ser boa, ela tem que ser
um home-theater completo e que nos faça parecer estar em um cinema. Ou então,
tornar nosso prazer de escutar música em uma experiência pura de uma festa de
música eletrônica. Nossas churrasqueiras não podem mais ser manuais, elas tem
que ser motorizadas para “assar o churrasco sozinha”. Nossos eletrodomésticos
também não podem ter menos funções do que as próprias televisões.
Não entendam isto como uma crítica ou mesmo uma reprovação a todas
estas maravilhas que a vida hoje nos proporciona, eu mesmo sou um adorador de
tecnologia, música e cinema e por mim eu certamente teria tudo isto e muito
mais (menos a churrasqueira automática! Churrasco bom é feito “na mão”).
O que de fato eu quero dizer é apenas que nós não precisamos de tudo
isso.
A boa arquitetura ela não é feita com os excessos tecnológicos, mas sim
com a qualidade do saber pensar, distribuir e relacionar a vida humana aos
espaços. Esta matemática não precisa de
grandes investimentos ou mesmo de elementos que ainda estão por vir ao mercado,
mas sim em tornar os lugares o mais humano possível.
Casas que nos trazem a sensação de “mar, sol, sombra e água fresca” são
extremamente mais acolhedoras do que as tecnologicamente estruturadas. A
tecnologia trás conforto sim, mas desde que ela não queira aparecer mais do que
o restante. Assim sempre foram as casas de antigamente e assim foi a
arquitetura moderna que tanto influencia, ainda, a arquitetura mundial.
Gastar fortunas em pisos que serão cobertos por tapetes e móveis,
sistema de áudio e vídeo para se ouvir diariamente novelas e telejornais,
cozinhas extremamente caras para o uso de funcionários e sistemas de iluminação
complexos, são o tipo de exemplo de formas onde a real necessidade deve ser
questionada em pról de uma economia que possibilite investimentos importantes
naquilo que de fato fará a diferença na sua vida.
Particularmente, eu vejo que Luxo não se trata de uma questão de ter
bens caríssimos, mas sim de uma forma de viver. Viver com qualidade de vida,
ser feliz, comer e beber com qualidade, desfrutar de belas companhias, ter
tempo para se dedicar a seus hobbies, ter acesso à cultura...em fim, ter acesso
aquilo que te torna uma pessoa melhor. O ter pelo simples fato de mostrar que
pode ter, para mim, não é luxo, mas sim luxúria.
No escritório brincamos muito com “o que é ser rico?”. Acreditarmos
que não existe no mundo cliente rico o suficiente para as possibilidades da
arquitetura, do desejo e do sonho.
Maurício.
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